sábado, 17 de janeiro de 2009

Poema do dia


O POETA HEMOTRÁGICO

Estando um poeta à beira de um ribeiro,
ingeriu toda a tinta do tinteiro.
Então deu-lhe tremenda uma veneta
como se ele mesmo fosse uma caneta:

e enquanto digeria ele escrevia
- da poesia mantendo alta tensão -
tudo quanto em torrente ao coração
da sua veia poética afluía.

Se a tinta não gastar toda primeiro
e se uma indigestão o não afecta
ainda vai fazer um poema inteiro
com a pena hemotrágica o poeta.


in, Retratos à La Minuta, de José Colaço Barreiros. Lisboa 2006

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