segunda-feira, 12 de outubro de 2009

FOME. A História de Bobby Sands na Casa Amarela

Logo à noite, vamos ter o privilégio de assistir a um excelente filme produzido por Steve McQueen. "FOME", vai ser exibido hoje na Casa Amarela/Escola Aberta Agostinho da Silva pelas 21,30 horas, e que conta com a interpretação de Michael Fassbender e de Liam Cunningham que nos contam a história do activista e militante do IRA Bobby Sands.
Este filme insere-se no Ciclo "ISTO NÃO É CINEMA", uma iniciativa semanal da Cooperativa de Animação Cultural de Alhos Vedros (CACAV) coordenada pela Escola Aberta Agostinho da Silva e dinamizada por Leonel Limão.
É um excelente filme que se recomenda a toda a gente.

Pela CACAV

A Coordenadora da Casa Amarela/Escola Aberta Agostinho da Silva

(…) Quem? O quê? Onde? Quando? Como? Porquê? As respostas a estas e outras perguntas são muito fáceis de responder quando nos lembramos dos tristes acontecimentos ocorridos na Prisão de Maze, Belfast (Irlanda do Norte), em 1981. A história é conhecida, foi contada nos jornais diários e já tem um capítulo reservado em qualquer enciclopédia do século XX: Bobby Sands, activista do IRA, inicia uma greve de fome como forma de protesto contra o o tratamento dado aos prisioneiros daquele estabelecimento prisional, reclamando o estatuto de preso político. Em pele e osso, Sands viria a falecer pouco tempo depois, vítima de ataque cardíaco, transformando-se num símbolo da luta daquele grupo.Agora, em 2008, o artista plástico britânico Steve Mcqueen recria os acontecimentos vividos na Prisão de Maze, naquele ano. "Fome" é a história vista por dentro, aquela que foi impossível de reproduzir nos jornais e enciclopédias, sem cair nos maneirismos epopeicos, demasiado plásticos, típicos de Hollywood. Um exercício despudorado, violento, imundo, que revela a decadência, os rituais de humilhação a que foram sujeitos dezenas de prisioneiros daquele estabelecimento prisional e a fé levada ao extremo por alguém que se recusou a viver naquelas condições. Algures entre o mártir, o herói ou o anti-herói, Bobby Sands é aqui retratado como apenas alguém que estava consciente das suas convicções e dos efeitos das suas decisões.
A partir daqui, Mcqueen pega na história com mão de artista e faz dela um verdadeiro tratado sobre o sofrimento humano, os seus limites e as suas convicções. Sem fazer quaisquer juízos de valor, expõe a realidade dos factos com um notável distanciamento e coloca a condição humana no centro da acção. Os acontecimentos que levaram à greve de fome de Bobby Sands, o contexto político da Irlanda do Norte ou a vida para lá daquelas quatro paredes, são apenas o cavalo de Tróia da verdadeira batalha que Steve Mcqueen pretende aqui revelar. Na verdade, Bobby Sands é apenas o seu bode expiatório e a história verídica podia ser apenas fruto da imaginação.
À excepção de um diálogo majestoso entre Sands e um padre, onde o militante do IRA explica as razões pelas quais decide avançar para a greve de fome, Mcqueen dá total primazia à imagem e ao sentimento que esta transporta, num exercício onde se nota claramente a visão estética de um artista plástico. O uso pontual de pormenores técnicos deliciosos são a pièce de résistance de um filme cuja única pretensão é, no fundo, traduzir em imagens aquilo que a imaginação e as palavras não conseguem transmitir. O melhor murro no estômago do ano (...)

In: LiveJournal (Internet)

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